Iniciamos a amável colaboração com Adriana Mattos que do Brasil nos cede artigos do seu blog sobre matérias de Yoga.
A importância de aprender a relaxar
Vivemos em um mundo acelerado, bastante intenso. A sensação de muitas pessoas, principalmente as que vivem em grandes cidades, é a de estar vivendo constantemente sob pressão, lidando com muitas demandas e responsabilidades - ainda mais depois da pandemia. Não é à toa que tanto se começou a falar sobre a tal Síndrome do Burnout.
Acontece que, além dos desafios psicológicos e os que se referem aos nossos relacionamentos pessoais, ainda somos afetados, de diversas formas, por questões complexas como crises políticas, econômicas e sociais, que existem em uma escala global.
Pesquisas mostram que muitos trabalhadores ao redor do mundo sequer tiram férias ou, se tiram, tiram apenas 10 dias em média por ano. Dez dias de descanso para uma média de 240 dias de trabalho (considerando feriados e finais de semana)!
Outro estudo mostra que as férias de fato servem para restaurar nossa saúde integral e o nosso humor, mas que este efeito passa dentro de algumas semanas, e então, a tranquilidade é novamente substituída pelo estresse e as preocupações cotidianas.
Precisamos ser produtivos. Mas a questão é: Será que esse ritmo tão intenso é, de fato, produtivo ou benéfico?
Parece que não.
Considerando que as férias são essenciais, mas só nos aliviam efetivamente por um curto período, é de fundamental importância criarmos hábitos e adotarmos práticas que nos ajudem a relaxar no dia-a-dia, em meio às nossas rotinas de trabalho.
Entendendo a relação mente-corpo
Que a mente e o corpo estão relacionados nós sabemos. Quando estamos sob os efeitos do estresse, contraímos a musculatura, ficamos tensos, com dores, dentre vários outros sintomas.
Para enriquecer esta discussão é interessante entender qual a função do nosso Sistema Nervoso Autônomo. Esta é uma parte do nosso cérebro que controla várias funções corporais e é dividida em duas outras partes:
Sistema nervoso simpático (SNS)
Sistema nervoso parassimpático (SNP)
O Sistema Simpático movimenta o organismo para lidar com situações de estresse ou emergência, ou seja, quando o cérebro percebe uma ameaça, O SNS é acionado. Aumentam os batimentos cardíacos e a pressão arterial, adrenalina é liberada, os músculos contraem e outras várias reações podem acontecer.
O Sistema Parassimpático é a parte do cérebro ativada em momentos de tranquilidade. É responsável por acalmar o organismo – trabalha diminuindo os batimentos cardíacos, a pressão arterial, a adrenalina, o açúcar no sangue e estimula a digestão.
É importante mencionar que ambos sistemas são essenciais e trabalham juntos para o bom funcionamento do organismo. Em diferentes momentos, há predominância de um ou outro. Há momentos em que algum nível de estresse é saudável e até essencial, ele pode nos salvar, impulsionar ações e mudanças em nossas vidas – procurar um trabalho, falar em público ou andar de bicicleta em uma avenida movimentada, por exemplo.
No entanto, a vida em uma cidade grande ou a experiência de um evento traumático pode desencadear uma ação predominante do SNS, o que traz desequilíbrios para nossa saúde – mental, física e emocional.
Má digestão, desequilíbrios hormonais, insônia, dores, sensação de esgotamento, dentre outros sintomas, podem ser sinais que nos convidem a pausar um pouco para cuidar do nosso bem-estar e equilíbrio.
Criando o hábito de relaxar
Relaxar pode parecer simples, mas aprender a relaxar de forma verdadeira e profunda, sem pressa, é uma habilidade a ser aprendida e desenvolvida na prática. E é este ato de relaxar profundamente que terá efeitos profundos sobre todo nosso ser. Em outras palavras, precisamos ensinar o cérebro a relaxar.
Mais do que isso, dado o contexto frenético em que vivemos, é necessário criar o hábito de relaxar. No livro O Poder do Hábito, o autor Charles Duhigg nos conta que, se exercermos uma atividade com frequência, o cérebro criará conexões que facilitarão a execução dessa determinada atividade, até que ela se torne um hábito. Com o passar dos anos, as conexões são fortemente solidificadas e o resultado é uma atividade cada vez mais enraizada no seu cérebro.
Ou seja, se fizermos desses momentos de relaxamento um hábito, aos poucos, poderemos transformar todo funcionamento de nossos corpos e as dinâmicas das nossas vidas.
Colocando o relaxamento em prática
Há várias atividades muito bacanas que podemos realizar com o objetivo de relaxar. A massagem ou automassagem, Yoga, meditação, um bom banho com água morna, piscina, caminhar em um lugar calmo ou até mesmo uma academia aliada à uma boa sessão de alongamentos e movimentos para as articulações são alguns exemplos.
Quando for realizar qualquer uma delas, é legal ter em mente e comunicar com clareza para o seu cérebro que este é um momento seu, para autocuidado, que você se permite e deseja, exclusivamente, relaxar e deixar de lado os problemas. Preste atenção, se conecte e busque relaxar todo o corpo, acenda um incenso, uma vela, coloque uma música calma, use qualquer ferramenta que te parecer útil ou agradável. E o mais importante: Respire!
A respiração consciente, suave e profunda (que leva o ar até o abdômen) é o ingrediente principal para o relaxamento. É uma ferramenta simples e incrivelmente poderosa: acalma a mente, nos traz para o momento presente e nutre melhor todo o corpo.
Inclusive, o seu ritual de relaxamento pode ser somente alguns minutos praticando uma respiração profunda e atenta (atenção suave!), deitado mesmo.
Outra dica muito legal é prestar atenção nos seus pensamentos antes de dormir. Ao invés de ficar ruminando e pensando sobre as obrigações, preocupações e medos que aparecem, busque respirar e pensar em coisas agradáveis. Escaneie e relaxe todo o corpo para adormecer de forma mais tranquila, e fazer um convite aos bons sonhos.
Por fim, vale a pena substituir alguns minutos no Instagram para descansar o corpo-mente. Essa é uma forma de autoamor e gentileza conosco!
Boas práticas!
* Adriana Mattos iniciou o contato com temas ligados à saúde e espiritualidade em 2015, quando começou a estudar Mindfulness, Budismo e praticar Meditação. É reikiana e instrutora de Yoga (formação pela Byron Yoga Centre) e Meditação. Atualmente integra a equipe da Om Joy, uma empresa brasileira séria e dedicada, e que visa facilitar a vivência do Yoga para todos.